O artigo “E se parássemos de fingir” de Jonathan Frazen, 2019, para o New Yorker foi controverso e revelador. Em sua essência, o artigo de Frazen prolifera um mito climático perigoso, que fez com que muitos que estavam em dúvida sobre o assunto a mudar de opinião. Parafraseando o artigo, Frazen usa um relatório recente da IPCC (Painel Internacional de Mudança Climática) para embasar seu argumento de que a Terra e a Humanidade estão além do ponto de salvação. Ele também usa sua interpretação do sistema político americano para prever que mesmo que mudanças políticas radicais são muito polarizadas para que nós escapemos de uma catástrofe climática.
“Nossa atmosfera e oceanos só podem absorver até um certo limite antes que a mudança climática, intensificada por suas consequências, saia completamente de controle. O consenso entre cientistas e criadores de políticas é de que passaremos deste ponto não retornável, se a média de temperatura subir mais do que 2ºC (talvez um pouco mais, mas talvez um pouco menos).”(1)
Enquanto o artigo do Frazer foi duramente criticado por cientistas climáticos, o artigo em si revela um problema social, no que diz respeito à interpretação de uma pessoa da ciência climática. À primeira vista, muitas publicações científicas montam um futuro difícil e deprimente para a raça humana. Se tais metas, como a de temperatura ou emissão de CO2 não forem alcançados em certo período de tempo, então os efeitos climáticos serão irreversíveis. Portanto, porque alguém deveria sacrificar seus padrões de vida numa tentativa de evitar mudanças climáticas que são, no fim das contas, inevitáveis.
Porém, a ideia de que tem um ponto definido não retornável foi amplamente debatido por cientistas. Daniel Kammen, um pesquisador climático da Universidade de Berkeley Califórnia disse em um artigo para KQED.
“’Ninguém tem um ano exato, um número exato, que além desse ponto toda esperança estará perdida’, ele disse. ‘Isso simplesmente não é o fato científico’” (2)
Outros cientistas deram opiniões similares no Twitter, dizendo que dois graus de aquecimento não podem ser vistos como a margem final de um “ponto não retornável”. (3)
Portanto, a ideia de que o clima está em um ponto além de qualquer salvação não é somente cientificamente falho, é altamente perigoso. Se uma pessoa desiste da ideia de proteger o meio ambiente porque acreditam ser uma batalha perdida, então estará contribuindo ainda mais para uma possível derrota.
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